sábado, 28 de janeiro de 2012

A História Sem Fim. Michael Ende

Nome original: Die Unendliche Geschichte (no Brasil, A História Sem Fim) / em Portugal, A História Interminável) é um livro de fantasia do escritor alemão Michael Ende, publicado pela primeira vez em 1979.

A primeira tradução disponível no Brasil foi publicada pela Editora Martins Fontes. Em Portugal foi originalmente editado pelo Círculo de Leitores. O livro foi também adaptado para vários filmes, como The Neverending Story (1984), e desenhos animados.

Sinopse:

O personagem central do livro é um jovem garoto chamado Bastian Balthazar Bux, que rouba um livro chamado A História Sem Fim (A História Interminável) de uma pequena livraria. Bastian (cujo nome deve ser ligado à sua origem latina, da qual provém o nosso termo bastião) é de fato o bastião, o guardião de um reino em perigo. Bastian, a princípio, é apenas um leitor do livro, que narra a história da terra de Fantasia, o lugar onde todas as fantasias dos humanos se unem. Com o progresso do livro, porém, torna-se claro que alguns habitantes do lugar sentem a presença de Bastian, já que ele é a chave do sucesso da jornada sobre o que ele está lendo. Na metade do livro, ele entra na própria Fantasia e toma um papel mais ativo nela.

A primeira metade do livro é rica em detalhes de imagens e personagens, como num conto de fadas. Na segunda metade, porém, são introduzidos vários temas psicológicos, enquanto Bastian enfrenta a si mesmo, seu lado negro, e segue em frente à maturidade num mundo formado por seus desejos.

O tema central do livro é o poder de cura da imaginação, representado pelo estado em que Fantasia se encontra até que alguém a "salve", ao reconstrui-la baseado em novas idéias, novos sonhos.Mais tarde a história teria continuações em outros filmes , mas com novas história feitas por outros autores.

Adaptações

O livro virou filme em 1984, com a direção de Wolfgang Petersen e estrelando Barret Oliver como Bastian, Noah Hathaway como Atreyu, Tami Stronach como a Imperatriz Menina, Patricia Hayes como Urgl, Sydney Bromley como Engywook, Gerald McRaney como o pai de Bastian e Moses Gunn como Cairon. O filme, porém, cobria apenas a primeira parte do livro, terminando no ponto em que Bastian entra em Fantasia. Michael Ende sentiu que esta adaptação tinha ido muito longe, fora do ponto do seu livro, e pediu que a produção parasse ou que mudassem o nome. Como nada foi feito, Ende os processou e perdeu o caso. Ele conseguiu, porém, ter seu nome removido dos créditos iniciais, apesar de ainda tê-lo nos créditos finais.

A música de abertura foi composta por Giorgio Moroder com letras de Keith Forsey cantadas por Limahl, líder do Kajagoogoo.

A História Sem Fim II: O Próximo Capítulo, dirigido por George Miller estreando Jonathan Brandis, foi lançado em 1990 Usava um certo número de elementos da segunda metade do livro, mas era, em essência, uma história nova.

A História Sem Fim III, estrelando Jason James Richter, Melody Kay e Jack Black, foi lançado em 1994. Este filme era apenas nos personagens do livro de Ende, com uma história totalmente nova.

A História Sem Fim também inspirou duas séries de televisão. A primeira, um desenho, de 1996, focava-se nas aventuras de Bastian na terra de Fantasia (diferentes das do livro), enquanto outra, com atores, foi feita, chamada Contos da História Sem Fim, e teve 13 episódios.

A História também virou peça e balé na Alemanha, com músicas compostas por Siegfried Matthus.
Imagem do Filme

(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)

Acesse também a resenha do mesmo livro no Blogue "Império do Caos".

Michael Ende

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A Erva do Diabo. Carlos Castaneda (1925-1998)

A Erva do Diabo é o nome de uma erva do gênero Datura que se distribui notadamente pelo oeste dos Estados Unidos e América Central. Pelo fato do antropólogo e escritor Carlos Castaneda tê-la mencionado em seu livro The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge, publicado em 1968, as edições deste livro em alguns países receberam o título de A Erva do Diabo.

Nesta publicação, o escritor relata os primeiros encontros com Don Juan Matus, um índio Yaqui de Sonora, que veio a ser o seu mestre no que era denominado pelo ìndio de "Caminho do Conhecimento". Relata também o quanto foi difícil para Castaneda, um representante da sociedade americana, compreender os valores de Don Juan, que se comportava de acordo com a cultura milenar dos chamados "Videntes" da América Central.

Por parte de Carlos Castaneda, a assimilação dos conhecimentos dos índios e particularmente de Don Juan Matus tinha por objetivo a realização de um estudo antropológico para a Universidade da Califórnia (UCLA), sobre a cultura indígena da América Central, com o fim de publicar livros e outros trabalhos acadêmicos. O paradigma de Carlos Castaneda naquela época, sobre o mundo e a vida em geral, era o da grande maioria dos cidadãos ocidentais mais instruidos, isto é, o uso do referencial científico para explicar a realidade.

O índio Don Juan tinha o objetivo de provocar uma quebra no padrão cognitivo habitual de Castaneda e levá-lo a vislumbrar a existência de outros padrões da realidade. A capacidade de vislumbrar outros padrões da realidade é um dos principais objetivos dos Videntes ou "homens de conhecimento", como designados no livro.

Os eventos que chamam a atenção da maioria dos leitores - mas não o objetivo principal do livro - são os relatos de Castaneda sobre os rituais dos índios sonoras do México, nos quais utilizavam alucinógenos preparados a partir de plantas em suas formas originais, masseradas, ou mesmo in natura como mastigação de botões de cactos. Essas plantas têm marcantes propriedades psicoativas de expansão da percepção habitual, e por isso os índios as chamam de "Plantas de Poder".

Sobre a Datura, planta que dá nome a esse livro no Brasil, Castaneda escreveu:

A erva-do-diabo tem quatro cabeças: a raiz, a haste e as folhas, as flores, e as sementes. Cada qual é diferente, e quem a tornar sua aliada tem de aprender a respeito delas nessa ordem. A cabeça mais importante está nas raízes. O poder da erva-do-diabo é conquistado por meio de suas raízes. A haste e as folhas são a cabeça que cura as moléstias; usada direito, essa cabeça é uma dádiva para a humanidade. A terceira cabeça fica nas flores e é usada para tornar as pessoas malucas ou para fazê-las obedientes, ou para matá-Ias. O homem que tem a erva por aliada nunca absorve as flores, nem mesmo a haste e as folhas, a não ser no caso de ele mesmo estar doente; mas as raízes e as sementes são sempre absorvidas; especialmente as sementes, que são a quarta cabeça da erva-do-diabo e a mais poderosa das quatro. "Meu benfeitor dizia que as sementes são a "cabeça sóbria': ...a única parte que poderia fortalecer o coração do homem. A erva-do-diabo é dura com seus protegidos, dizia ele, porque pretende matá-Ios depressa, coisa que geralmente consegue antes de eles descobrirem os segredos da "cabeça sóbria". [1]

A ingestão das Plantas de Poder não era para Don Juan, um método eficiente para a evolução dos seus aprendizes. Foi somente a primeira tentativa de uma série de muitas outras diferentes que utilizou, para que Castaneda assimilasse, ao longo de anos, o nexo da complexa e rica cultura milenar dos "Videntes". Nas fases seguintes do aprendizado, as Plantas de Poder deixaram de ser utilizadas em favor de intensas práticas realizadas diretamente na vida cotidiana.

O título do livro no Brasil, "A Erva do Diabo", gerou um desvio na compreensão do sentido original da obra, que enfatiza os ensinamentos de Don Juan - The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge" ("Os Ensinamentos de Don Juan: O Caminho Yaqui do Conhecimento").

A gradativa compreensão e aprofundamento nos elementos cognitivos que antes eram propagados somente entre os mestres e aprendizes, foram relatados também nos outros livros da obra de Carlos Castaneda. (Fonte: Wikipedia)








O Livro

Prefácio de Walter Goldschmidt, antropólogo Prof. da UCLA
Introdução
Parte Um: Os ensinamentos
Parte Dois: Uma análise estrutural
Apêndices
(A) O processo de comprovar (o consenso especial)
(B) Esboço de análise estrutural

Outros livros de Carlos Castaneda:

A Erva do Diabo (The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge - 1968);
Uma Estranha Realidade (A Separate Reality: Further Conversations with Don Juan - 1971);
Viagem a Ixtlan (Journey to Ixtlan: The Lessons of Don Juan - 1972) - Esse livro foi a tese de PhD de Castaneda na UCLA em 1973 com o título: "Sorcery: A Description of the World"
Porta Para o Infinito (Tales of Power - 1975);
O Segundo Círculo do Poder (The Second Ring of Power - 1977);
O Presente da Águia (The Eagle's Gift - 1981);
O Fogo Interior (The Fire from Within - 1984);
O Poder do Silêncio (The Power of Silence: Further Lessons of Don Juan - 1987);
A Arte do Sonhar (The Art of Dreaming - 1993);
Readers of Infinity: A Journal of Applied Hermeneutics - 1996 - Diários do trabalho de Castaneda com suas discípulas ainda não traduzido.;
Passes Mágicos (Magical Passes: The Practical Wisdom of the Shamans of Ancient Mexico - 1998);
O Lado Ativo do Infinito (The Active Side of Infinity - 1999);
Roda do Tempo (The Wheel Of Time : The Shamans Of Mexico - 2000) - uma antologia de citações comentadas.

“Carlos Castaneda ou Carlos Aranha Castaneda (segundo revista Time, Cajamarca, 25 de dezembro de 1925Los Angeles, 27 de abril de 1998 foi um escritor e antropólogo formado pela Universidade da Califórnia (UCLA); notabilizou-se após a publicação, em 1968, de sua dissertação de mestrado intitulada The Teachings of Don Juan - a Yaqui way of knowledge, lançado no Brasil como A Erva do Diabo

A Erva do Diabo, seu primeiro livro, também tese de mestrado, tornou-se um best-seller entre os jovens do movimento hippie e da contracultura, que rapidamente elegeram Castaneda um guru da nova era e formaram legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro. Também era bastante relevada no meio acadêmico, sobretudo porque, em seu princípio, tratava-se de uma obra de cunho científico.” (Wikipedia)

Carlos Castaneda
 
 


quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Fernão Capelo Gaivota. Richard Bach


"Para os olhos bem treinados, onde houver movimento, vida pulsando, haverá uma boa aprendizagem. Me dêem licença os que têm a literatura como forma somente de expressão e sentimento, e não como meio didático para lição de moral. Mas desprezar uma história apenas por ela querer ensinar algo é pura rebeldia de ignorantes. Fernão, aliás, tampouco pretendia que seu aprendizado se tornasse disciplina. A trajetória do personagem que nomeia o livro ilustra como nossos papéis são substituídos aos poucos e involuntariamente, à medida que crescemos.
Evolução talvez seja o mote central desse livro. Fernão, como seu nome já o denúncia, é uma gaivota solitária, que, em princípio, fica relegada à auto-punição por não se encaixar em seu bando: enquanto as outras gaivotas se preocupavam apenas em pegar os peixes, ele queria aprimorar suas técnicas de vôo e subir cada vez mais alto. Como todo visionário, ele acaba sendo expulso dos seus, e somente aí é que sua jornada começa. Sozinho, o personagem vê-se então livre para voar quão alto quiser, e é voando mais alto que descobre o meio de subir mais ainda. Encontra gaivotas iguais a ele, que ousaram, e aprende a como lidar com suas vontades e suas virtudes.
Em um talvez “novo mundo”, Fernão percebe, pelo exemplo de gaivotas mais evoluídas que ele, o quanto ainda tem a aprender. Um de seus mestres avisa: “Você não precisou de fé para voar, precisou compreender o que era voar.” No empenho de desmentir a idéia geral de que fé é uma mágica que tudo faz, nosso protagonista avança em seus conhecimentos sobre vôo e passa, como conseqüência natural, de aluno a mestre.
E é aí que reside a beleza maior da narrativa: a responsabilidade que temos uns para com os outros, pois se se é discípulo para muitos, também se é mestre ainda que para poucos. A relatividade das relações, que entre gaivotas e homens, neste caso, se igualam, leva Fernão a compreender um sentido mais profundo de seu aprendizado, não apenas voar mais alto, mas alcançar de fato mais corações.
Com linguagem leve, despretensiosa, trama simples – aliás, sem trama, uma estória em linha reta –, leitura fácil e de alto teor ilustrativo, Fernão Capelo Gaivota é uma historinha quase-infantil que todo adulto precisaria ler, pela carga que o personagem principal carrega – a de não saber o que fazer das suas exceções –, análoga a de muita gente grande. Quem nunca se sentiu à margem de algum padrão, que arranque a primeira pena." 
Assista ao filme também:

Richard Bach
 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

A Revolução dos Bichos. George Orwell

"A "Revolução dos Bichos" (Animal Farm) (ou o "O Triunfo dos Porcos") é o segundo livro mais famoso de George Orwell, perdendo somente para sua obra prima: 1984. A obra relata a história de um grupo de animais que realizam uma revolução na fazenda onde vivem e tomam o poder transformando seu grupo numa sociedade igualitária. Mas os porcos, os animais mais inteligentes, tomam o poder e reiniciam os tempos de exploração.

A obra foi baseada e reproduzida a partir da revolução russa de 1917 . Existe o Lênin que esta na figura do porco Major, Existe o Trotsky representado pelo porco Bola de Neve e o famoso e tirano Stalin idealizado pelo porco Napoleão. No início existe uma sociedade capitalista: os que produzem (os animais) possuem menos do que aqueles que não produzem (os humanos). O Porco Major tem um sonho sobre uma sociedade sem diferenças e sofrimentos. Ele morre, mas alguns porcos realizam o tal sonho e criam uma nova ideologia (Animalismo) semelhante ao Socialismo. Entretanto o Porco Major objetivando mais poder, expulsa Bola de Neve e insere um Totalitarismo na fazenda.

A fábula gira em torno da crítica ao sistema socialista e ao governo de Stalin que traiu a revolução soviética. Essa história foi escrita durante a Segunda Guerra Mundial e o Geoge Orwell era anarquista. Odiava qualquer tipo de totalitarismo ou poder. Foi devido a isso que a história possui esse caráter critico da situação miserável da população soviética durante o governo desse ditador e durante a revolução. Recomendo que antes de ler, que você estude ou olhe como ocorreu, para relembrar, a Revolução Russa.

A história possui uma atmosfera sempre negativa. Seu desenvolvimento mostra que apesar de ocorrer diversas mudanças, a vida naquela fazenda não vai melhorar. O Burro sempre possui a razão de dizer que a vida sempre foi ruim e nunca haverá progresso. Isso identifica muito claramente a situação do camponês ou do operário durante esse período. Além disso, a falta de capacidade de expressão ou talvez até a permissão de criticar impede que os (trabalhadores) animais possam opinar ou derrubar esse poder.

Portanto recomendo a leitura, pois, além de ser uma obra muito bem feita, é curta e pode ser encontrada em qualquer livraria. Se quiser baixe no PDL." (Fonte: Bibliocracia)
 
Assista ao filme também: Animal Farm (1999)


sábado, 21 de janeiro de 2012

Fahrenheit 451. Ray Bradbury


"Em 1949, George Orwell lançou o livro 1984, mostrando uma sociedade oprimida por um regime absolutamente autoritário. Quatro anos depois, em 1953, Ray Bradbury revolucionou a literatura com Fahrenheit 451. 

A comparação entre as duas obras é inevitável, pois ambas foram escritas após o término da Segunda Guerra Mundial. Com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, o livro de Bradbury revela apreensão de uma sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra.

A obra de Bradbury descreve um governo totalitário, num futuro incerto mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instaladas em suas casas ou em praças ao ar livre.

Fahrenheit 451 é dividido em três partes: A lareira e a salamandra, A peneira e a areia e O clarão resplandecente. O livro conta a história de Guy Montag, que no início tem prazer com sua profissão de bombeiro, cuja função nessa sociedade imune a incêndios é queimar livros e tudo que diga respeito à leitura.

Quando Montag conhece Clarisse McClellan, uma menina de dezesseis anos, ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred. Ele passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade. 

Fahrenheit 451 tornou-se um clássico não só na literatura, mas também no cinema. Em 1966, o diretor François Truffaut adaptou o livro e lançou o filme de mesmo nome estrelado por Oskar Werner e Julie Christie. Um remake do filme deve ser lançado em breve, dirigido por Frank Darabobont e com Mel Gibson no papel principal." (fonte: Globo Livros.)

Curiosamente, o título do livro (451º F) se deve à temperatura, em graus Fahrenheit, em que o papel pega fogo, o que equivale a 232º Celsius. "Carlos Heitor Cony, em artigo publicado na Folha de São Paulo, em 25/02/2007 (cujo recorte encontrei dentro da minha edição - que não será queimada), já mencionava que: "O argumento para justificar a queima de livros é simples: transmitindo a cultura e a arte, os livros tornam os homens desiguais em gênero e grau." (Fonte: Garganta da Serpente)

Ray Douglas Bradbury (Waukegan, 22 de agosto de 1920) é um escritor de contos de ficção-científica norte-americano de ascendência sueca. Foi o terceiro filho de Leonard e Esther Bradbury, por causa do trabalho de seu pai (Técnico em instalação de linhas telefônicas), viajou por muitas cidades dos EUA, até que em 1934 sua família fixou residência em Los Angeles, Califórnia.

Bradbury é mais conhecido pelas suas obras The Martian Chronicles (Crônicas Marcianas) (1950) e Fahrenheit 451 (1953). (Fonte Wikipedia)








quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Caçador de Andróides. Philip K. Dick


"Enviado por Adriana em 01/03/2008 00:00:00 (3443 leituras) Notícias do mesmo autor 

O relançamento de “O Caçador de Andróides” é uma ótima chance para se adquirir este que é o romance original do filme de Ridley Scott de 1982, e que andava somente disponível nos sebos, desde a edição da saudosa e falida editora Francisco Alves. É também uma chance de descobrir o autor Phillip K. Dick, escritor de uma inquietante Ficção-Científica que mexe diretamente com questões como o valor de nossa própria identidade. Dick teve suas obras adaptadas em filmes comerciais de maior ou menor sucesso e fidelidade com o texto original, como O Vingador do Futuro, Screamers, Impostor (2002), Dia de Pagamento (2003), Minority Report – A Nova Lei (2002) e, mais recentemente, O Homem Duplo (2006), experiência em animação cuja obra original mais fala sobre o contato do autor com a contracultura das drogas nos anos 60.

“O Caçador de Andróides” é um livro que se passa na Terra em 2021, após uma guerra que devastou o planeta e extinguiu a maioria das espécies. Os humanos mudaram-se para colônias em outros planetas e a Terra se tornou um lugar inóspito, devastado e ameaçado por chuvas de material radioativo. Apesar disso, muitas pessoas ainda vivem aqui, aglomeradas em imensas cidades.

A televisão e o rádio têm uma importância fundamental na vida desses humanos. O programa mais assistido de todos – Buster Friend and his Friendly Friends – é a maneira que o autor encontra para criticar o conteúdo vazio da televisão, e essa crítica nos parece absurdamente familiar. Buster, o apresentador, está no ar vinte e quatro horas por dia, todos os dias, incansável como um andróide. Seus convidados são atrizes e atores que jamais fizeram qualquer filme, novela ou o que o valha, mas que sempre estão prontos a comentar os assuntos mais importantes. Para a maioria das pessoas, a opinião deles vale alguma coisa, quando tudo indica que não deveria ser assim. No fundo, o que vemos é um amontoado dos nossos big brothers transportados para um romance de ficção científica escrito décadas atrás. E isso prova a permanência e a força crítica do texto de Dick.

Além da televisão, os humanos dispõem de um aparelho capaz de controlar o ânimo das pessoas. Isso significa que cada um simplesmente escolhe se quer ou não acordar disposto, ou estar pronto para o sexo, ou se deseja ou não ir trabalhar, por exemplo. Tudo isso somente apertando um botão. É interessante que logo no primeiro capítulo o autor explora com brilhantismo, através de um diálogo mordaz, cheio de subentendidos, os efeitos que isso pode provocar nas pessoas. Acabamos por rir do absurdo que é ter a habilidade de controlar nossas próprias emoções.

O personagem principal da história é Rick Deckard, habitante de São Francisco. Deckard é um caçador de recompensas que trabalha para a polícia e que tem por função encontrar e “retirar” os andróides rebeldes que, disfarçados de humanos, fugiram das colônias e vieram para a Terra. Ele acaba por sair de uma vida medíocre como funcionário público, de um casamento insignificante, para se envolver na caçada aos piores andróides de que se tem notícia, além de ter que lidar com a corporação trans-planetária que os criou e com seus próprios problemas financeiros, matrimoniais e identitários.

A personalidade de Deckard é bem construída e crível. No princípio ele é apenas aquele caçador de recompensas que vê os andróides como o mal absoluto. No decorrer da história, no entanto, ele passa a se questionar sobre a validade de seus argumentos. E por fim acabará tendo mais desprezo por alguns humanos do que por determinados andróides. Antes do fim, na verdade, estará mesmo se questionando sobre sua própria identidade enquanto ser humano. E esse desenvolvimento é trabalhado de tal maneira que acreditamos nele. Graças ao fato de Rick ser um homem prático e sensato, com uma visão de mundo tão racional, seu desenvolvimento se torna verossímil, aceitável, o que nos leva a compartilhar os seus dramas e entender as suas dúvidas e sofrimentos. É essa verossimilhança que faz o seu drama ter tanta força e ser tão comovente.

Quanto à estrutura mesma do romance, podemos dizer que ele é bem construído e estruturado. Dick inicia o livro com um capítulo, de certa maneira, tragicômico, construído em cima de um diálogo inteligente e de uma crítica mordaz. Antes de terminar de lê-lo por completo já estamos presos à leitura, já queremos saber os porquês e comos do espaço-tempo da narrativa. E isso nos vem logo em seguida. Então, depois de nos localizar e dar as devidas explicações, o autor nos envolve em uma trama, cheia de altos e baixos, repleta de reviravoltas, que nos deixa na ponta da cadeira. O texto, apresentando as inúmeras possibilidades de fracasso de Deckard, cria no leitor a expectativa de que o caçador de andróides irá falhar mesmo antes de iniciar a sua caçada. Então, faz Rick superar todas as dificuldades para depois capturá-lo em uma armadilha, limitando todas as suas possibilidades de ação e, enfim, num átimo, mostra como o personagem escapa da complexa situação em que se meteu. Somente este trecho do livro, que se estende pelos capítulos quatro e cinco, já vale toda a história. É muito divertido e emocionante.

Mas não é “somente” a isso que se resume o livro de Dick. O autor usa a ficção científica para levantar uma série de questionamentos de ordem social e humana. As relações entre os humanos, a relação dos homens com as máquinas, o avanço irrefreável da tecnologia, a relação do homem com a natureza e com os animais e a própria questão identitária do homem enquanto ser humano. Tudo isso é questionado, criticado e discutido. E melhor: feito dentro da estrutura do romance, o que nos leva a uma leitura agradável e instigante, da qual não conseguimos nos desprender.

Por fim, basta dizer que os fãs do filme devem estar prevenidos, entretanto, de que para questões de adaptação e transposição de mídias, certas coisas foram bastante mudadas, independente das versões de produtor ou diretor: só se pra se ter uma idéia, a climática perseguição entre o replicante Roy Batty e Rick Deckard simplesmente não existe no livro. Isto por que a trama original e seus questionamentos vão além do que é demonstrado no filme: dado momento, a questão se o próprio Deckard é ou não um ser humano ou um replicante é bem explorada, e esse tipo de questionamento vai-se história afora.

Isso não desmerece o filme como adaptação, entretanto. Ao filmar a trama mais como se fosse um policial noir no futuro, o filme é tido como uma das obras referenciais para o início da Ficção-Científica cyberpunk, enquanto o livro tem um pé mais nos anos 60-70: ambas as versões podem ser vistas dentro de seu contexto e representação das épocas em que foram produzidas.



Dados Técnicos
Livro:
O CAÇADOR DE ANDRÓIDES
Autor: Philip K. Dick
Editora: Rocco
Tradução: Ryta Vinagre
Páginas: 256
Formato: 13 x 20

Notas (de 1 a 6)
- Trama:
6
- Texto: 6
- Narrativa: 6
Nota Final: 6" (Fonte: Rede RPG.)

 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Amei, Perdi, Fiz Espaguete. Giulia Melucci


"Giulia Melucci escreveu um livro engraçado e comovente. É como Comer, rezar e amar com receitas.” (A.J.Jacobs)

“Usando a cozinha como catarse após relações esfareladas, Giulia Melucci salpica refeições simples, atraentes e saborosas, que vão do tradicional ao eclético, entre relatos que descrevem a angústia de namorar aos 30 anos.” (Kirkus Reviews)

"Melucci é uma garota italiana do Brooklyn que adora cozinhar para seus pretendentes. Na busca pelo homem perfeito, ela só encontra uma sucessão de relacionamentos fracassados. Neste livro, a autora narra sua história real e inclui as deliciosas receitas que afastaram dezenas de homens de um compromisso amoroso com ela."
(Fonte: Revista Innovative.)